Episódio #136 – BWA Cast
Convidado: Rogerio David (David e Athayde Advogados) – Mestre em Direito
Highlights do episódio (3 pontos que mudam o jogo)
- Base de cálculo do ITCMD: debate entre patrimônio líquido (mais objetivo) e fluxo de caixa descontado (intangível e sujeito a inflação de valor).
- Governança primeiro, imposto depois: definir papéis, regras de saída, valuation e liquidez antes de falar em economia tributária.
- Separação de estruturas: holding patrimonial (bens da família) ≠ holding de participações (quotas/ações de empresas) para reduzir risco de contágio.
Quem é o convidado?
Rogerio David atua em direito societário e tributário, com foco em sucessão, governança e eficiência fiscal. A conversa vai direto ao ponto: o que funciona na prática e o que virou risco com a Reforma.
Em 90 segundos: o essencial
- Planejar em vida evita litígios, falta de liquidez para ITCMD e perda de valor na operação.
- Propósito e substância são mandatórios: estruturas “de fachada” (sem atividade real) são alvos de autuação.
- Revisão periódica: regras mudam; seu plano precisa acompanhar (governança, alíquotas, bases, faixas).
O problema que poucos veem chegando
Reformas e normas estaduais tendem a elevar alíquotas e ampliar bases do ITCMD. Sem organização prévia, a família pode enfrentar tributação elevada na sucessão — justo quando precisa de caixa para manter a empresa viva.
Estratégia em 3 camadas (na ordem certa)
- Governança
- Acordo/contrato social com classes de quotas, direitos de voto, regras de saída e fórmula de valuation (saída, incapacidade, sucessão).
- Conselho e diretoria profissional quando herdeiros não têm perfil operacional.
- Regras claras para cônjuges (regime de bens, assinatura em operações).
- Arquitetura societária
- Holding patrimonial para imóveis e ativos da família.
- Holding de participações para centralizar controle das empresas operacionais.
- Lateralização de riscos: patrimônio protegido de passivos da operação.
- Disciplina tributária (com propósito)
- Liquidez para ITCMD (cessões onerosas faseadas, seguros como colchão).
- Imóveis: avaliar ITBI x ITCMD e PF x PJ (estoque no presumido pode ser mais eficiente que GC na PF em ativos antigos).
- Aplicações financeiras: muitas vezes PF é mais eficiente do que colocar na holding.
Mitos x Verdades (sem rodeios)
- “Holding sempre reduz imposto.”
❌ Nem sempre. Sem propósito e governança, pode até aumentar custos e riscos. - “Qualquer método de valuation serve.”
❌ Em sucessão/saída forçada, DCF pode distorcer base e gerar conflito. PL costuma ser mais objetivo; defina no contrato. - “Dá para arrumar tudo na crise.”
❌ Reorganização em crise é facilmente contestada por fisco/credores. Planeje quando está tudo bem.
Decisões críticas que precisam estar no papel
- Valuation: método, datas de corte, ajustes (endividamento, caixa, contingências).
- Pagamento: prazos/parcelas, indexadores e garantias.
- Governança: quem opera x quem é cotista; quando profissionalizar a gestão.
- Liquidez: fontes claras para ITCMD (cessões, apólices, reservas).
Erros frequentes (e como evitar)
- Misturar patrimônio com operação na mesma holding.
- Ignorar regras para cônjuges (regime de bens, assinatura conjunta).
- Deixar valuation em aberto (vira briga no momento mais frágil).
- Focar só no imposto e esquecer governança e substância.
- Não prever liquidez para o ITCMD — e ter que vender ativo “na marra”.
Linha do tempo sugerida (30/60/90 dias)
- 0–30 dias – Diagnóstico e Diretrizes
Levantamento de bens e participações, mapa de riscos, objetivos da família, desenho inicial de governança. - 31–60 dias – Arquitetura e Documentos
Estruturação patrimonial x participações, minutas de acordo/contrato social, definição de valuation e política de distribuição. - 61–90 dias – Execução e Liquidez
Implementação faseada (cessões), políticas de seguro/caixa para ITCMD, check de compliance e calendário de revisões anuais.
Checklist para levar à reunião com o advogado/contador
- Quais ativos ficam na holding patrimonial e quais na de participações?
- Método de valuation definido para sucessão/saída?
- Regras para cônjuges (ingresso, assinatura, incomunicabilidade)?
- Plano de liquidez para ITCMD?
- Política de dividendos/JCP e endividamento?
- Ciclo de revisão (anual/semestral) do plano?
Glossário relâmpago
- ITCMD: imposto estadual sobre herança/doação.
- PL (Patrimônio Líquido): ativos – passivos, base objetiva.
- DCF (Fluxo de Caixa Descontado): projeção futura trazida a valor presente; pode inflar
- Holding patrimonial: concentra bens da família.
- Holding de participações: concentra quotas/ações das empresas.
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🎧 Assista ao episódio completo: https://youtu.be/JK4inDNfiPI?feature=shared